Marcel Proust, reconhecido escritor francês, cita mais de cem obras de arte nos sete volumes do seu livro: Em Busca do Tempo Perdido. E as descrições de quadros que aparecem em sua obra literária mostram que Proust não era nenhum leigo no assunto, ao contrário, entendia e usava as Artes Visuais como inspiração para sua literatura. Assim como Henry James e outros escritores da época. Mas o contrário também ocorre, e em muitos casos. A literatura servindo de fonte de inspiração para outras manifestações artísticas tem seus vários exemplos.
Neste dia 10 de março chegamos ao 149º aniversário de João Simões Lopes Neto. Com um número relativamente baixo de obras publicadas, Simões Lopes é um daqueles escritores que são fontes inesgotáveis para reinterpretações. Quase chegando ao seu sesquicentenário, as releituras de sua obra fazem com que esteja sempre se renovando.
Sua literatura é inspiração para os mais diversos tipos de manifestações artísticas. Um exemplo contundente disso é o Prêmio Artes Visuais João Simões Lopes Neto, promovido pelo Instituto João Simões Lopes Neto em parceria com o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, o prêmio está em sua quarta edição fomentando a criação na Arte Contemporânea, e divulgando a obra simoneana. Segundo as palavras do coordenador artístico do concurso, Giorgio Ronna, o Prêmio: “é iniciativa, que além de estimular o exercício da arte contemporânea, permite uma constante atualização da obra de Simões Lopes através de um diálogo interdisciplinar”.
Vasco Prado, um dos escultores mais importantes do Brasil, ao longo de sua carreira teve o Negrinho do Pastoreio como um dos temas mais recorrentes. Deixando esculturas da lenda espalhadas pelo Estado (uma inclusive se encontra aqui em Pelotas). Nosso simoneano incansável, Mário Mattos, também é um artista plástico de mão cheia, e é da literatura de Simões que vêm suas maiores inspirações.
No teatro, incontáveis reinterpretações dos contos e das lendas já foram realizadas. Para citar dois exemplos bem sucedidos: a Cia Oigalê de Porto Alegre, que leva sua interpretação para o Negrinho do Pastoreio às ruas do país, por mais de 10 anos; o Tatá – Núcleo de Dança e Teatro de Pelotas, que transporta para o palco a tradução poética do autor por meio do espetáculo “Tatá Dança Simões”.
Na música Vitor Ramil indaga “Está vendo aquele umbu, lá embaixo, À direita do coxilhão?”. Sérgio Rojas e Renato Borghetti dedicam uma Milonga a Simões Lopes. Barbosa Lessa comporia sobre a lenda do Negrinho, para muitos cantarem depois.
Poderíamos ficar aqui citando inúmeros exemplos de recriações em cima da obra de Simões Lopes. Mas para não deixar dúvidas sobre a renovação da obra em seus 149 anos, vale lembrar os dois livros inéditos que foram lançados no ano passado, “Terra Gaúcha – História de infância” e “Artinha de Leitura”. E além disso, a tradução para o Francês de suas obras “Contos Gauchescos” e “Lendas do Sul” estão a caminho, o que demonstra que se tratando de Simões Lopes, teremos novidades ainda por muitos anos.
Ano para celebrar “Casos do Romualdo”
Neste ano de 2014, o Instituto irá celebrar o centenário de lançamento da publicação da obra “Casos do Romualdo“. Que foi publicada originalmente em formato de folhetim, no jornal pelotense “Correio Mercantil”, em 1914, e só viriam a ser reunidos e editados em livro em 1952. As comemorações iniciarão no dia primeiro de abril (talvez no fim de semana, já que o 1º de abril cai numa segunda-feira) e se estenderão durante o ano de 2014. A diretoria está ultimando a programação que em breve será divulgada.
Texto: Cassio Lilge
10.03.2014