Instituto João Simões Lopes Neto
O dramaturgo

O dramaturgo

O teatro de Simões Lopes Neto

João Simões Lopes Neto foi autor de teatro no mesmo período em que se dedicava a seus outros afazeres – no jornal, comércio, indústria, literatura e atividades cívicas. A maioria de suas peças foi assinada com pseudônimo de Serafim Bemol e construída em parceria. Os parceiros mais importantes foram seu cunhado Mouta Rara e o maestro Acosta y Oliveira. O teatro de Simões tratava de temas urbanos, mas destacava em vários momentos os tipos interioranos. Em sua maioria, sua produção pode ser situada dentro do gênero “teatro ligeiro”, cujo principal objetivo era a diversão pura e simples, tratando de temas leves e atuais. Apesar de ter levado aos palcos alguns dramas, suas peças de maior sucesso foram as comédias e as operetas. Ao todo, foram quatorze peças, escritas com as seguintes datas de estreia: Os Bacharéis (comédia-opereta/1894); O boato (revista/1896); Mixórdia (revista/1896); A viúva Pitorra (comédia/1896); Coió Júnior (cena breve/1896); O bicho (comédia/1898); A Fifina (comédia/1900); O palhaço (cena breve/1900); Jojô e Jajá e não Ioiô e Iaiá (cena breve/1901); Amores e facadas ou Querubim Trovão (comédia/1901); O maior credor ou Por causa das bichas (burleta/1903); Valsa branca (cena breve/1914); Sapatos de bebê (cena breve/paráfrase/1915) e Nossos Filhos (drama, s.d).

Já conhecido pelos famosos ‘triolets’, desde 1888, a primeira referência a Serafim Bemol, como autor teatral, veia através desta notícia, publicada na edição de 15 de setembro de 1893, do Correio Mercantil, e possivelmente redigida por Artur Toscano: “Perante alguns amigos, entre os quais o sr. capitão Casado, subintendente municipal, e representantes da imprensa diária da localidade, o espirituoso escritor, que oculta seu nome com o pseudônimo de Serafim Bemol, leu anteontem à noite, em sua residência, uma revista teatral, intitulada ‘O Boato’, composição do mesmo cavalheiro e destinada a ser representada pela Sociedade Dramática Particular Beneficente Filhos de Talia. A impressão que aos assistentes causou a leitura desse trabalho foi a melhor possível, e, no gênero, considerados os estreitos limites do nosso centro, não se pode desejar trabalho mais completo” (trecho do livro Um Capitão da Guarda Nacional, de Carlos Reverbel, 1981).

Serafim Bemol (João Simões Lopes Neto) e Mouta Rara (José Gomes Mendes)

Os Bacharéis

Comédia-opereta em três atos, de Serafim Bemol e Mouta Rara, com roteiro musical de Manoel Acosta y Olivera. Encenada em 23 de junho de 1894, no Teatro Sete de Abril, com cenários de Oertel e Leôncio. Foi o trabalho de melhor repercussão executado pela equipe, tendo sido encenada diversas vezes. Em 2006, foi encenada no Teatro São Pedro em Porto Alegre e no Teatro Sete de Abril em Pelotas, com adaptação e direção de Élcio Rossini, música de Márcio Souza e pesquisa de partituras e documentos originais por Cláudia Antunes. Manuscrito original. Acervo Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.

Os Bacharéis – Parte lírica da comédia-opereta em três atos. Original de Seraphim Bemol e Mouta Rara. Música de Manoel Acosta y Olivera. Companhia da Cidade de Pelotas. Typographia Guarany, 1914. Acervo Fausto J. L. Domingues.

O Boato

Revista cômica encenada em 25 e 26 de novembro de 1893, pela Sociedade D. P. Beneficente Talia. Constituída em um prólogo e dois atos divididos em cinco quadros. Colaboração de Serafim Bemol e Mouta Rara, com música do maestro Acosta y Olivera, incluindo o tango O Boato. Manuscrito original. Acervo Fausto J. L. Domingues.

A viúva Pitorra

Comédia em um ato, encenada no Clube Caixeiral em 1896 e no Teatro Sete de Abril em 1899. Manuscrito original. Acervo Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.

Mixórdia

Revista cômico-burlesca, em três atos e oito quadros, com estreia no Teatro Sete de Abril em 23 de maio de 1896; encenação a cargo da Sociedade D. P. Beneficente Talia. Foi a última produção da parceria Serafim Bemol, Mouta Rara e Acosta y Olivera. Manuscrito original. Acervo Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.