Durante alguns anos os figurões da Praça do Comércio de Pelotas acreditaram no futuro de João Simões Lopes Neto. Também, não seria para menos: ele frequentava os meios econômico-financeiros da cidade sempre planejando bons negócios, idealizando obras de vulto, sonhando como novas empresas. Apontavam-no então como o tipo do moço sério e ambicioso, que tinha de quem puxar, prometia, iria longe, seria um dos seus. Não tardaram a abrir-lhes largos créditos de confiança, prontos para recebe-lo no seio de Abraão das classes conservadoras.
As más línguas diriam futuramente que ele jamais fora levado a sério pelos seus contemporâneos, assim englobando os diversos segmentos da sociedade pelotense em que o Capitão João Simões, homem de múltiplas atividades, tiveram larga e destacada atuação. Nada mais infundado, nos termos em que tais afirmativas têm sido colocadas. Agora se disseram que, a partir de um dado momento, ele passou a ser apontado, por aqueles mesmos homens de negócio, não mais como futuroso comerciante ou industrial, mas como um visionário, um “poeta”, nada se poderia objetar, pois foi o que realmente aconteceria.
Texto de Carlos Reverbel do livro Um Capitão da Guarda Nacional (1981).