Simões de Pelotas para o mundo
A história do Instituto João Simões Lopes Neto e da Casa do escritor – a segunda justifica a existência do primeiro – mistura-se a uma certa mitologia que envolve não só o autor dos Contos Gauchescos e Lendas do Sul, mas uma plêiade de seguidores apaixonados, zelosos, ciumentos, árduos defensores de seus êxitos literários, intrépidos caçadores de suas raridades, cuidadosos detentores de todos os papéis relativos ao Capitão que puderam ser recuperados ao longo de muitas décadas. Costumo olhar para essa legião de apaixonados oradores de mesa de bar, para esses grupos de senhores e senhoras, alguns já em idade avançada, que se reúnem em ricas e intermináveis discussões sobre a obra simoneana, como sua verdadeira fortuna crítica.
Pelotas detém Simões. Pelotas mistura-se a essa figura enigmática, a esse vulto magro, a essa personalidade fugidia, que tanto palmilhou as ruas retas da cidade, suas calçadas de mosaicos e granitos, suas paisagens cinzentas.
A grande homenagem a esse artista delicado, profundo e universal teve início quando, para salvar a Casa que a ele pertencera, um homem, Bernardo de Souza, soube reunir aqueles grupos simoneanos numa única audiência e soube liderá-los para que pusessem suas energias na mesma direção. Criou-se, assim, o Instituto João Simões Lopes Neto, em agosto de 1999. Em seis meses, a casa de Simões estava comprada, sua recuperação iniciada. Foram quase sete anos até que a Casa abrisse as portas, para nunca mais fechar e para tornar-se uma referência na cultura de Pelotas e do Rio Grande do Sul. Entre os simoneanos, corre a lenda de que a falta de sorte do Capitão para os negócios inverteu-se para os bons augúrios que se multiplicam na história do Instituto.
A grande e merecida homenagem a João Simões Lopes Neto consolida-se neste Biênio Simoniano, comemorado em 2015 os 150 anos de seu nascimento, e em 2016, os 100 anos de sua morte. Esta exposição, a maior e mais qualificada já realizada sobre a vida e a obra do escritor, configura o ponto máximo do Biênio. As entrelinhas do Capitão, o silêncio que preenche de significado as falas de Blau, a singularidade e a percepção sensível do universo simoneano são retratadas por essa viagem sem volta que nos é oferecida no Santander Cultural e perenizada neste catálogo. Fecha a guaiaca, encilha o cavalo e boleia a perna, paisano. Vai sem medo, sabendo que nunca mais serás o mesmo.
Paula Schild Mascarenhas (Prefeita de Pelotas e 1ª Presidente do Instituto João Simões Lopes Neto).
BIÊNIO SIMONIANO – ATIVIDADES ARTÍSTICAS E CULTURAIS
Um homem sábio, sensível e culto. Que contribuiu para a história do Rio Grande do Sul. Consagrou-se como o maior escritor pelotense da história, defendeu a memória de sua cidade e imortalizou a imagem do gaúcho e dos pampas em seus contos. João Simões Lopes Neto teve sua carreira consolidada após sua morte, e ela se torna cada vez mais relevante e aclamada ao passar do tempo.
Em 2015 completaram-se 150 anos do nascimento de Simões, e em 2016, cem anos de sua morte. Em homenagem a essa figura da memória cultural gaúcha, foi sancionado, pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul, o Decreto que institui o Biênio Simoniano. Pelotas, como berço de Simões, não poderia deixar de enriquecer este importante período, com atividades que exaltarão, ainda mais, a obra simoniana.Visando marcar essas datas, três ações que oferecerão visibilidade nacional e perenidade ao seu trabalho e que tratarão, além de questões pertinentes à arte pública, difusão e produção de literatura, a humanização e o respeito ao espaço público serão desenvolvidas, são elas:
Escultura de João Simões Lopes Neto
Em dezembro de 2016 foi instalada na praça Coronel Pedro Osorio uma escultura em tamanho real do escritor João Simões Lopes Neto. Forjada em bronze, a obra é assinada pelo artista mineiro Léo Santana – autor da famosa escultura de Carlos Drummond de Andrade, localizada na praia de Copacabana, hoje um dos pontos turísticos mais fotografados do Rio de Janeiro.
Exposição “Simões Lopes Neto – onde não chega o olhar prossegue o pensamento”
A exposição “Simões Lopes Neto – Onde não chega o olhar, prossegue o pensamento”, que aconteceu no Santander Cultural – Porto Alegre, de 19 de outubro a 18 de dezembro, apresentou para seus visitantes uma ampla visão da vida e obra do escritor pelotense. Com um público visitante 153 247 pessoas, a abrangente mostra, que contou com a curadoria de Ceres Storchi, propôs uma visão ampla da trajetória do escritor registrando seu legado cívico, jornalístico, dramatúrgico, literário e pedagógico, compreendendo a família, o universo mítico das Lendas do Sul por onde sua obra transita, e o regionalismo dos Contos Gauchescos quando, inovadoramente, o autor dá voz ao gaúcho, valorizando a história e a tradição do homem do campo e a própria formação do território do Rio Grande do Sul.
” Essa exposição mostra diferentes visões do próprio Simões em relação ao seu tempo e de estudiosos que o pesquisam e que pressupõem seu processo de criação. A rica documentação de distintos acervos testemunha as diversas atividades do escritor, no âmbito da sociabilidade, do jornalismo, da sua visão cívica, do seu conhecimento da ciência para além do seu incrível talento literário.” – Ceres Storchi
link da exposição:
https://www.exposicaosimoeslopesneto.com.br/
Lançamento do livro “A Família Marimbondo”
O texto A Família Marimbondo, escrito por João Simões Lopes Neto e assinado sob o pseudônimo Serafim Bemol, foi publicado em formato de folhetim no ano de 1900 e transformado em livro em 2016, ano do centenário de morte do autor. Com 64 páginas e edição de luxo, o livro conta também com textos do escritor Aldyr Garcia Schlee e do jornalista e escritor Klécio Santos.