Revista do primeiro centenário de Pelotas ganha versão digital
Revista do primeiro centenário de Pelotas ganha versão digital

Revista do primeiro centenário de Pelotas ganha versão digital

Neste ano de 2012, a cidade de Pelotas festeja o bicentenário de sua fundação, com diversas atividades comemorativas. O que pouca gente sabe é que cem anos atrás, pela primeira vez, uma série de atividades comemorativas ocorrera em comemoração ao aniversário da cidade. E o principal organizador dessas atividades foi o mais famoso escritor pelotense, João Simões Lopes Neto, também responsável pela criação e execução da Revista do 1º Centenário de Pelotas que, neste mês de maio, ganhou uma versão digital.
Na publicação, Simões Lopes traz aspectos históricos de Pelotas e cidades vizinhas, informações econômicas, dados sobre a vida de figuras ilustres, curiosidades sobre nomes de ruas antigas. Além de apresentar diversos anúncios de lojas e indústrias da época. Ao todo foram oito edições, que agora se encontram em formato digital graças à iniciativa do estudante de Arquitetura e Urbanismo – da Universidade Federal de Pelotas – Guilherme Pinto de Almeida.

Cartaz de divulgação do CD
Conforme nos conta Almeida, seu interesse pelo assunto começou quando pesquisava como bolsista para a professora de seu curso, Ester Judite Bendjouya Gutierrez, junto ao Núcleo de Estudos da Arquitetura Brasileira. Segundo ele, após ter tido contato com material deu-se conta da importância do conteúdo histórico ali contido. Na intenção de preservar e também facilitar o acesso a essa obra, foi então desenvolvido um projeto de digitalização dessas revistas que agora se encontram em um único CD-Rom (disco executável em computadores).


O projeto

Para executar o projeto, Guilherme Almeida contou com o patrocínio e apoio das livrarias Mundial e Monquelat, onde o CD-Rom está à venda no valor de R$ 30. Nessa primeira tiragem foram feitos 100 exemplares numerados que, segundo informa o autor, estão quase esgotados. Uma segunda tiragem, ainda com com os mesmo parceiros, já está sendo providenciada para atender a demanda.  Seu objetivo, no entanto, é buscar parceiros e patrocinadores para uma tiragem mais expressiva e que possa inclusive, propiciar a distribuição de alguns exemplares em bibliotecas e escolas, de modo que um maior número de pessoas tenha acesso ao trabalho.

Guilherme Pinto de Almeida, à esquerda, conversando conosco no Instituto
O processo de digitalização ocorreu todo de forma independente. Almeida conta que conseguiu de acervos particulares todos os números da revista e fez todo cuidadoso processo de escaneamento, adequou o material em um programa específico para esse formato de revista e buscou todos os materiais para confecção dos CD-Roms, que foram, inclusive, devidamente registrados na Biblioteca Nacional, sob o número ISBN 978-85-913615-0-2.


Simões Lopes além da literatura 

Simões Lopes é famoso e reconhecido por suas obras literárias, como Cancioneiro Guasca (1910), Lendas do Sul (1913) e Contos Gauchescos – esta última completando cem anos de publicação neste ano. No entanto, o escritor foi muito atuante em diversas outras áreas, investiu na indústria do tabaco, café, vidro e em destilaria, mas acabou se encontrando mesmo no mundo das letras. Escreveu em diversos jornais da cidade, e além de ficção – área em que ficou consagrado – também desenvolvia pesquisas sobre a história de Pelotas e da região. 
Antes da publicação da revista do centenário, Simões Lopes já havia publicado o texto a cidade de  Pelotas – apontamentos para alguma monografia sobre o seu centenário nos Anais da Bibliotheca Pública Pelotense (volume 2), no ano de 1905. A partir daí o escritor começou a trabalhar no projeto que resultou na revista, pois seu desejo era deixar algo além das festividades no centenário da cidade.
Visual da revista rodada no computador

A revista é, desde então, uma das mais importantes fontes de pesquisas para estudiosos da história pelotense e de municípios vizinhos. “A revista serviu como subsídio para Fernando Osório compor (a obra) A cidade de Pelotas (1922)”, segundo declarou o pesquisador simoneano e ex-superintendente da Secretaria da Cultura, Mogar Xavier, a um jornal local¹. 
Assim, com a digitalização dessas revistas, Almeida espera que um maior número de pessoas tenha conhecimento e acesso a elas, e assim talvez até despertar novas pesquisas sobre a história de nossa cidade.

¹ – Fala extraída do jornal Diário Popular, pag. 08, edição de 16 de outubro de 2011.