O ciclo de palestras promovido pelo Instituto João Simões Lopes Neto – em celebração ao centenário de “Contos Gauchescos” – realizou mais um encontro na noite de ontem, 11 de outubro. Na ocasião, a escritora e socióloga Hilda Simões Lopes Costa esteve passando sua perspectiva sobre o conto “O contrabandista”.
Presente no livro “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, o conto “O contrabandista” conta a saga de Jango Jorge, um ex-contrabandista, que para garantir o enxoval da sua filha volta a atravessar a fronteira, exercendo sua antiga atividade ilegal.
Presidente, Antonio Carlos Mazza Leite, ao lado da palestrante da noite |
A palestra
A palestrante destacou três diferentes aspectos tratados no conto: o histórico, o antropológico e o mítico. Segundo ela, o conto traz um apanhado geral da história do contrabando no Rio Grande do Sul, com sua importância dentro da economia e desenvolvimento do Estado. Do ponto de vista antropológico o conto mostra a transformação que acontecia na figura do gaúcho, do “campeiro soldado” – que quase nômade passava sua vida no lombo do cavalo – para um homem que quer se firmar como um bem sucedido pai de família. Por último, Hilda Simões falou sobre a simbologia mitológica que o conto carrega.
Conforme palavras da convidada da noite, Jango Jorge tem o papel do “herói na busca de sua transcendência”. O casamento de sua filha representa um “passaporte como membro de uma família bem constituída”. Além disso, Hilda Simões contou um pouco da história por traz da simbologia do enxoval da noiva. Segundo sua explicação, num passado distante, era muito usual a cor vermelha aparecer em algum acessório ou vestimenta da noiva para representar a vida nova. E o vermelho vai aparecer no final do conto nas manchas que o sangue de Jango Jorge marcadas no enxoval. Mesmo com fim trágico, a saga do protagonista é cumprida.
Público presente na palestra |
Após aplausos, abriu-se o tradicional espaço para intervenções dos presentes, que acrescentaram comentários elogiosos sobre a leitura dada ao conto por Hilda Simões Lopes Costa.
Texto: Cassio Lilge
Fotos: Pedro Henrique Costa Krüger
12.11.2012