A criação do Núcleo de Estudos Simoneanos (NES) deu-se no seio do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPel), unindo trabalho histórico ao trabalho literário. Em maio de 1995, a primeira ata do NES foi redigida. O objetivo, segundo o documento, era de enfrentar a chamada “falsa cultura”, aproveitando-se de uma das maiores riquezas de Pelotas: a obra, reconhecida nacionalmente, do escritor João Simões Lopes Neto.
NES em um dos seus primeiros encontros |
Com uma atitude inovadora e baseada na participação de diversos setores, principalmente educação e instituições culturais, o NES promoveu seminários, palestras e encontros, além de tantas outras atividades, em nome da utilidade pública e da cultura de acesso a todos.
A seguir você pode conferir um trecho de entrevista concedida por uma das percussoras do NES, a professora Loiva Hartmann. E entrevista completa está na última edição da Folha do Instituto (distribuição).
FOLHA – Qual foi a motivação que levou à criação do NES dentro do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IGHPel)?
Loiva critica sistema educacional e seus “currículos anacrônicos” |
Loiva Hartmann – Em 1993, na residência da então presidente do IHGPel, Ivone Leda do Amaral, um pequeno grupo aventou a necessidade de criar-se o NES. Mas os entraves eram vários: a papelada, um local, etc. A Prof.ª Ivone sugeriu então que o NES iniciasse como um setor do IHGPel. Foi feito. Vou citar os nomes que tenho em minha agenda de 1994: Major Ângelo P. Moreira, Adão Monquelat, Cesar R. Goulart, Hilda S. Lopes, Ivone Amaral, José Antonio M. Leite, Mario Mattos, Mario O. Magalhães, Heloiza P. Zambonatto, Alda Jacottet, Vera Lopes, Eloisa Nascimento, Evaldo e Marley Poeta, Darcy Trilhotero e Loiva Hartmann. Mas havia muitos outros, todos fazendo parte do IHGPel. Tais como o Cel. Rosa, Heloiza Silva, o falecido Ir. Elvo Clemente vinha de Porto Alegre para reuniões, etc. É só olhar as fotos e vê-se que os leitores e admiradores de Simões estão por toda a parte.
Assim, como num conto de fadas, alguns mais objetivos e atentos, ficaram sabendo da existência da antiga residência de Simões e aí entram Carlos Sica Diniz, Theo Bonow, o grande Bernardo de Souza e sua então assessora Paula Mascarenhas, Roque Jacoby, e as raízes plantadas pelos dinossauros simoneanos viçou! Houve então a devolução do terreno, a restauração da Casa e, depois de algum tempo, o nascimento, que, como todo o nascimento, é uma nova celebração de vida, de energias, de esperança! Aí está o IJSLN.
Em sua opinião, o que o estado do Rio Grande do Sul tem a ganhar com as constantes atividades feitas com base na obra simoneana, com o intuito de preservá-la, estudá-la e difundi-la?
Loiva Hartmann – O Estado tem avançado muito, fazendo documentários excelentes sobre vultos históricos e intelectuais que permearam e permeiam nossa sociedade. Mas esse trabalho maravilhoso é privilégio de alguns que assinam à TV paga. Não chega às escolas.
Há muito afirmo: currículos anacrônicos ocupam o tempo de jovens inteligentes e todos são responsáveis por isso. Ideias inovadoras são combatidas e não valorizadas. O resultado da mesmice está nas últimas pesquisas. Dói demais.
Texto e foto: Pedro Henrique Costa Krüger
21.02.13