Um prédio com quase 180 anos em uma cidade bicentenária com certeza tem histórias pra contar. E se esse prédio é um dos mais antigos teatros erguidos no país, ponto de referência nas atividades culturais e por anos a principal casa de eventos da cidade, aí então, são muitas as histórias pra se contar.
O prédio a que me refiro é o Theatro Sete de Abril e as histórias quem nos conta é o jornalista Klécio Santos em seu livro “Sete de Abril – O teatro do imperador”. O lançamento com sessão de autógrafos será na próxima terça-feira (dia 06), à partir das 19h, na sede do Instituto João Simões Lopes Neto (IJSLN).
Cartaz do evento |
O Theatro
Primeiro teatro construído no Rio Grande do Sul, o Sete de Abril foi idealizado e financiado pela Sociedade Scenica Theatro Sete de Abril. O nome vem da data em que o imperador Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho, Pedro II. Aliás, o segundo imperador brasileiro foi uma figura muito simbólica para o Theatro, pois a inauguração do prédio ocorreu em 2 de dezembro de 1833, dia do aniversário de Dom Pedro II. E o monarca visitaria a casa por duas ocasiões, uma em 1846, outra em 1865. O que justifica o nome escolhido ao livro.
Theatro Sete de Abril, atualmente de portas fechadas |
Com o projeto de autoria do engenheiro alemão Eduard Van Kertchmar, o Sete de Abril teve suas obras iniciadas em 1931, com conclusão oficial no ano de 1934, embora tenha sido inaugurado no final do ano anterior. Ao longo de sua história já serviu de alojamento de soldados durante a Guerra dos Farrapos, já foi sala de cinema por algumas décadas, recebeu diversas companhias europeias de teatro, mas atualmente encontra-se com as portas fechadas há dois anos, devido a interdição determinada pelo Ministério Público Federal que em um laudo técnico de segurança aponta que a estrutura de alvenaria e o telhado se encontram comprometidos.
O autor e a obra
Klécio Santos |
Atualmente editor-chefe do Grupo RBS em Brasília, Klécio Santos começou sua carreira de jornalista em Pelotas, e tem grande ligação com a cidade. No ano de 2010 recebeu o prêmio Trezentas Onças, concedido pelo IJSLN em reconhecimento aqueles que se destacam pela preservação da memória e pela divulgação da obra de Simões Lopes Neto. Foi Klécio que publicou a descoberta da casa que pertenceu ao Capitão, onde atualmente é a sede do Instituto.
Após um ano de pesquisas, Klécio Santos reuniu em 192 páginas as principais história e curiosidades do Theatro, com fotografia e recortes de jornais antigos. E traz ainda, textos inéditos de Simões Lopes Neto e de Lobo da Costa. O livro sai pela editora Liberatos e além da cerimônia de lançamento de terça-feira no IJSLN, será destaque na programação das feiras do livros de Pelotas e Porto Alegre, nos dias 07 e 10, respectivamente.
Coincidentemente o lançamento do livro vem à algumas semanas após o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovar a liberação de R$ 1,5 milhão para as obras de restauro do Theatro (notícia). Conforme a secretária do municipal de cultura de Pelotas esse verba servirá para a recuperação da cobertura do prédio, ou seja, apenas uma primeira etapa da restauração. De qualquer forma, uma boa notícia para continuarmos a acreditar que boas histórias no Sete de Abril não ficaram apenas nas páginas dos livros, como o que está sendo lançado por Klécio Santos.
Texto: Cassio Lilge
Imagens: divulgação, arquivo