A penúltima palestra em comemoração aos 100 anos de Contos Gauchescos aconteceu na noite de ontem no auditório do Instituto João Simões Lopes Neto. Na ocasião, o jornalista e doutor em literatura Antonio Hohlfeldt palestrou sobre o conto Juca Guerra.
 |
| Palestrante da noite ao lado do presidente do IJSLN, Antonio Carlos Mazza Leite |
Hohlfeldt, demonstrando a emoção de novamente estar na casa do Capitão, iniciou sua fala com uma breve contextualização acerca da literatura de Simões, alegando ter um público de simoneanos natos e especialistas no assunto. Segundo Hohlfeldt, os textos do autor pelotense, assim como os clássicos de Perrault, são diferenciados por deixarem uma mensagem de vida para os leitores – no caso de Simões – adultos e por serem frutos de narrativas orais, histórias contadas. O palestrante ressaltou, ainda, os fortes elementos históricos e étnicos nos textos de Simões, dando como exemplo as associações existentes em três dos contos com o contexto dos períodos históricos em que as histórias se construíam e a presença indígena, ibérica e negra que está documentada na literatura simoneana.
 |
| Público prestigiando palestra de Antonio Hohlfeldt |
“Cinco linhas e um personagem de não se esquecer nunca mais”
Entrando no conto em questão, Juca Guerra – um dos inéditos do livro, Hohlfeldt abordou os aspectos do conto nos quais Simões apresenta um gaúcho – Blau – não mais primitivo e que já passa pelos processos de civilização.
“— Vancê leu ontem no jornal aquele caso do sujeito que atirou-se à água da beira da praia para salvar umfulano que estava-se afogando… quando no aperto chegou um boteiro que levantou os dois… não foi assim?”
Trecho do conto Juca Guerra no livro Contos Gauchescos
Seguindo a fala, Hohlfeldt comentou sobre a descrição, feita por Simões, do personagem Juca Guerra, dizendo que em cinco linhas Simões descreveu um personagem de não se esquecer nunca mais.
Em entrevista à assessoria de imprensa do Instituto, Antonio Hohlfeldt elogiou a iniciativa inédita da instituição de comemorar o centenário de Contos Gauchescos através de palestras de simoneanos pesquisadores. “A ideia foi genial, uma pena foi eu não estar mais perto para acompanhar.” Além disso, o palestrante se disse feliz pela lembrança e pelo convite do presidente Antonio Carlos Mazza Leite e falou sobre o conto Juca Guerra: “A escolha do conto se deu por acaso mas, se tratando de um bom escritor consegue-se extrair interpretações nunca antes propostas de um texto aparentemente simples. E João Simões Lopes Neto foi um desses grandes escritores” – disse.
 |
| Antônio Hohlfedt assinando o livro de visitas do Instituto |
O próximo – e último – encontro do ciclo “Cem anos da escrita, cem anos de leituras”, será no dia 13 de dezembro com Donaldo Schüller sobre O mate do João Cardoso.
Texto e fotos: Eduarda Schneider Lemes
01.12.12